9.9.10

Robert Frank

Robert Frank é um dos maiores outsiders de todos os tempos. Aos 85 anos, ao vermos sua obra hoje, percebemos que ela foi algo profética. Seu trabalho mais devastador - e, por acaso, o primeiro - chama-se The Americans. O livro vendeu pouco na época, uns 600 exemplares apenas. A crítica caiu matando por não conseguir enxergar significado naquelas imagens embaçadas, escuras e melancólicas, como "horizontes bêbados".

Acusaram-no de cuspir na nação que o acolheu - ele, suíço e de família judia, ousou mostrar um outro Estados Unidos pós 2a. guerra. Mas tudo o que Frank fez foi oferecer um outro olhar sobre o American Way of Life que estava em construção. América mais profunda, mais sutil, menos baseada em seus ícones de consumo e mais no inaudito, no invisível.

Tentaram traçar um perfil dele. Tentaram, eu disse:







Frank teve uma relação incestuosa com a fotografia. Transferiu seu olhar para o filme, levando um pouco de sua crueza e dureza para esse novo formato. Saiu do filme e voltou para a foto, contaminando outra vez o seu formato de origem. Mas, para além da técnica, sua marca continuou: o olhar que enxerga tudo, sem filtros estéticos, ideológicos ou artísticos.

Podemos ver isso no documentário Cocksucker Blues, parceria com os Rolling Stones:



Não era um simples registro de uma turnê, assim como todos os excessos sexuais e de drogas de Mick Jagger e companhia. Era sobretudo um manifesto sobre a solidão da vida na estrada.

Frank fez outras colaborações no mundo da música.

Com New Order, para a música Run:



E com a amiga Patti Smith, na música Summer Cannibals:



Jack Kerouac traduziu um pouco do legado de Frank para a arte quando assinou o prefácio de The Americans afirmando que o fotógrado "sucked a sad poem right out of America onto film, taking rank with the tragic poets of the world."

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