7.9.09

E Deus lhe disse: desce e arrasa!

Geralmente não colocamos imagens, escrevemos textos ou mencionamos coisas relacionadas a cultos ou expressões religiosas aqui. É algo extremamente pessoal, mexe com brios que não cabe a mais ninguém além daquele que crê.

Mas, ao ver o que foi enviado pelo Pedro no Twitter, tive que dividir um breve pensamento a respeito do Pastor Pilão.



(Preacher in a Tutu)

É raro vermos um vídeo como esse, onde o absurdo da cena entrega o quanto nossa estrutura psíquica é quase, digamos, primitiva, rudimentar mesmo. Arthur Ramos, um dos maiores antropólogos brasileiros, chamaria isso de "inconsciente cultural", uma ponte entre o inconsciente coletivo e o inconsciente individual de Jung, e que estabelece a ligação do brasileiro com o espiritual. E, pelo que vi, esse inconsciente, da forma como se expressa, demonstra que tá cheio de nada.

Não vale aqui falarmos sobre o caráter de espetacularização da fé, coisa que esse vídeo claramente retrata: sentimentos superlativos, exagero gestual, a tentativa de uma língua ininteligível, uma caricatura ritualística para materializar aquilo que essa igreja, que não soube identificar, se propõe a curar ou minimizar por entre seus crentes. O que nos aflige, o que nos maltrata, o que nos faz sofrer não pode ser simplesmente deixado no abstrato. Precisa de uma mensagem demonstrável, algo que possa ser culturalmente entendido, mas sobretudo fisicamente expressado por um pastor rodopiante.

E essa mensagem se resume a Satanás. Satanás é a palavra proferida. Satanás é a palavra que condensa o semantismo do mal: as faltas, as privações, as vicissitudes da vida de quem crê, pois, claro, a culpa do nosso fracasso é sempre de alguém. Satanás é o meme mais poderoso de todos os tempos. E todos precisamos de um bailarino desengonçado pra nos salvar.

Que merda.

PS: os comentários que aparecem durante o vídeo são sensacionais.

3 comentários:

  1. Como eu sempre digo.. esse país é uma Bunda.
    Mas é bom ver coisas assim que me fazem rir um pouco. Infelizmente não deveria ser engraçado pra mim, pois no fim das contas esse riso advém de um sentimento de superioridade e arrogância. Um sentimento nada legal. Mas que se dane...rs

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  2. Judas, o Carioca, eu oscilo entro o riso e o desespero. Também não gosto de me perceber assim, e nem posso por questões pessoais, mas é impossível não achar isso hilário. Vamos rir, que é o que nos resta, ehehhe.

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  3. Engraçado (ou curioso) é ver como indivíduos protestantes (ou crentes, ou como chamarem) criticam a Umbanda, Candomblé, entre outras, mas usufruem de artifícios tão semelhantes como a dança, o grito, a incorporação... o teatro todo, digamos.

    mas, se rir é o que nos resta, espero estar rindo com eles, e não deles!

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