Mas, ao ver o que foi enviado pelo Pedro no Twitter, tive que dividir um breve pensamento a respeito do Pastor Pilão.
(Preacher in a Tutu)
É raro vermos um vídeo como esse, onde o absurdo da cena entrega o quanto nossa estrutura psíquica é quase, digamos, primitiva, rudimentar mesmo. Arthur Ramos, um dos maiores antropólogos brasileiros, chamaria isso de "inconsciente cultural", uma ponte entre o inconsciente coletivo e o inconsciente individual de Jung, e que estabelece a ligação do brasileiro com o espiritual. E, pelo que vi, esse inconsciente, da forma como se expressa, demonstra que tá cheio de nada.
Não vale aqui falarmos sobre o caráter de espetacularização da fé, coisa que esse vídeo claramente retrata: sentimentos superlativos, exagero gestual, a tentativa de uma língua ininteligível, uma caricatura ritualística para materializar aquilo que essa igreja, que não soube identificar, se propõe a curar ou minimizar por entre seus crentes. O que nos aflige, o que nos maltrata, o que nos faz sofrer não pode ser simplesmente deixado no abstrato. Precisa de uma mensagem demonstrável, algo que possa ser culturalmente entendido, mas sobretudo fisicamente expressado por um pastor rodopiante.
E essa mensagem se resume a Satanás. Satanás é a palavra proferida. Satanás é a palavra que condensa o semantismo do mal: as faltas, as privações, as vicissitudes da vida de quem crê, pois, claro, a culpa do nosso fracasso é sempre de alguém. Satanás é o meme mais poderoso de todos os tempos. E todos precisamos de um bailarino desengonçado pra nos salvar.
Que merda.
(Preacher in a Tutu)
É raro vermos um vídeo como esse, onde o absurdo da cena entrega o quanto nossa estrutura psíquica é quase, digamos, primitiva, rudimentar mesmo. Arthur Ramos, um dos maiores antropólogos brasileiros, chamaria isso de "inconsciente cultural", uma ponte entre o inconsciente coletivo e o inconsciente individual de Jung, e que estabelece a ligação do brasileiro com o espiritual. E, pelo que vi, esse inconsciente, da forma como se expressa, demonstra que tá cheio de nada.
Não vale aqui falarmos sobre o caráter de espetacularização da fé, coisa que esse vídeo claramente retrata: sentimentos superlativos, exagero gestual, a tentativa de uma língua ininteligível, uma caricatura ritualística para materializar aquilo que essa igreja, que não soube identificar, se propõe a curar ou minimizar por entre seus crentes. O que nos aflige, o que nos maltrata, o que nos faz sofrer não pode ser simplesmente deixado no abstrato. Precisa de uma mensagem demonstrável, algo que possa ser culturalmente entendido, mas sobretudo fisicamente expressado por um pastor rodopiante.
E essa mensagem se resume a Satanás. Satanás é a palavra proferida. Satanás é a palavra que condensa o semantismo do mal: as faltas, as privações, as vicissitudes da vida de quem crê, pois, claro, a culpa do nosso fracasso é sempre de alguém. Satanás é o meme mais poderoso de todos os tempos. E todos precisamos de um bailarino desengonçado pra nos salvar.
Que merda.
PS: os comentários que aparecem durante o vídeo são sensacionais.
Como eu sempre digo.. esse país é uma Bunda.
ResponderExcluirMas é bom ver coisas assim que me fazem rir um pouco. Infelizmente não deveria ser engraçado pra mim, pois no fim das contas esse riso advém de um sentimento de superioridade e arrogância. Um sentimento nada legal. Mas que se dane...rs
Judas, o Carioca, eu oscilo entro o riso e o desespero. Também não gosto de me perceber assim, e nem posso por questões pessoais, mas é impossível não achar isso hilário. Vamos rir, que é o que nos resta, ehehhe.
ResponderExcluirEngraçado (ou curioso) é ver como indivíduos protestantes (ou crentes, ou como chamarem) criticam a Umbanda, Candomblé, entre outras, mas usufruem de artifícios tão semelhantes como a dança, o grito, a incorporação... o teatro todo, digamos.
ResponderExcluirmas, se rir é o que nos resta, espero estar rindo com eles, e não deles!