25.4.09

A Imagética da Libertação

A dinâmica da sociedade de consumo é uma das coisas mais perversas desses tempos hipermodernos. Assim como Danilo Martuccelli, eu acredito na evidência de que os problemas que a sociedade não consegue resolver, as questões que não consegue elucidar, voltam para o indivíduo, e assim ele terá a responsabilidade de responder e solucionar sozinho - sem ajuda, sem repertório e sem tecnologia pra isso.

É algo do tipo:

"Olha só, inventamos um monte de realidades mentirosas e alternativas, e incutimos uma série de idéias em vocês, mas fodeu... Se deu tudo errado, não prevíamos isso, logo, não saberemos resolver. Seremos obrigados a nos eximir de responsabilidade pelos efeitos nocivos, contrários e colaterais. Desculpaê."


Como profissional de planejamento (e co-criação), tenho algumas regras morais muito claras em relação a isso. São diretrizes pessoais e intransferíveis, e estão inseridas no contexto de uma agência challenger e libertária como a CUBOCC, mas me dão tranquilidade de, no final do dia, não foder a psique e a realidade do consumidor com idéias impossíveis. Eu nunca falo o que as pessoas querem ouvir para escapar à dureza da vida, nem as iludo com motivos para preencher lacunas existenciais. O que me proponho a fazer é dar subsídios, por meio de estratégias de comunicação, para as pessoas resolverem criativamente a questões que meus produtos podem ser parte da solução. 50% depende de esforço pessoal, onde o consumidor é agente indispensável para a mudança.

Se criamos imagens e ideários impossíveis para pessoas que buscam fazer parte deles, algo está muito errado. Falar sem ter espaço para o discurso acontecer é patético. Felizmente parece que vários segmentos de indústrias que se baseiam no imagético para existir estão questionando isso. Artistas, estilistas e revistas também estão aderindo a isso, mostrando o poder da diversidade como elemento de questionamento e, consequentemente, de mudança.

Obra Plástica de Camilo Barreto


A belíssima atleta-atriz-modelo Aimee Mullins


Murray Vern para Pure Magazine (2008)


Foto presente na Black Book Magazine (2009)

Helmut Newton retrata a modelo Nadja Auermann na série 'The Empowered Woman' - Vogue (1995).

Obra Plástica de Camilo Barreto (2008)

Foto de Diana Scheunemann (2009)


Romain Kremer & Renata Veras - Primavera/Verão 2009

Foto de Oleksiy Maksymenko (2008)

Audrey Blouse da coleção Wheeliechix Chic (2009)

Catherine McNeil para a Vogue francesa (2008)

Quando surgem iniciativas como Britain's Missing Top Model, temos uma bela oportunidade para questionarmos esses padrões e ideais utópicos que envenenam nossa individualidade e espontaneidade. 8 garotas lindas, mas com o detalhe de serem portadoras de algum tipo de deficiência, estão numa disputa para um ensaio fotográfico e capa para a Marie Claire britânica pelas lentas do mestre Rankim. Kelly Knox foi a vencedora:

Tá mais que na hora de criarmos imagens que nos ajudem na libertação de conceitos nefastos como esses que vivemos atualmente. É possível mudar... é só querer.

Inspirado em post do blog Trend de la Creme.

3 comentários:

  1. em algumas delas, as próteses são usadas por necessidade em decorrência de uma perda.

    mas
    e as próteses que a gente usa, agrega e sobrepõe sobre nós mesmos, são por qual carência?

    o que nos falta?

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  2. acho que respondo com outra(s) pergunta(s): será que é desejo ou necessidade? é natural ou atribuímos? é nosso ou é nos foi plantado?

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  3. quais são as lacunas que as próteses implantadas completam?

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