23.1.09

Sangue Novo, Artéria Velha

Vampiros em todos os lugares. É inútil proteger o pescoço. Melhor deixa-lo a mostra.

Desde o final do ano passado a indústria de entretenimento global jorra sobre as pessoas o misterioso universo vampiresco. Aparentemente isso deve continuar em 2009.

Começou no meio de 2008 com a série True Blood:



e finalizou com o blockbuster Crepúsculo:



Teve ainda um desvio para a interpretação nórdica de Let The Right One In:



E 2009 se inicia com duas novidades. A surpresa de Sundance, Grace:



E a nova investida online da MTV gringa, a minisserie Valemont, existirá em 12 episódios de 2'30" de conteúdo, apenas no site.

Vampiros sempre foram pontos de partida para estórias interessantes que atiçam nosso imaginário. Porém, com esses novos produtos culturais, percebe-se que algo mudou. Se antes vampiros nos faziam sonhar com a imortalidade, e aliviavam a consciência de sermos os únicos animais que sabem sobre o morrer, hoje a figura dentuça mudou seu simbolismo. Na verdade, fragmentou-se.

Crepúsculo é um panfleto neoconservador pré-Obama, onde valores morais elevados vencem o chamado do instinto sexual. Vampiro e humana se beijam loucamente, mas não fazem sexo: um lembrete do valor da espera para meninas, e da importância do controle para os meninos. Melhor disfarçar o que temos de animal com o verniz do amor romântico. Crepúsculo serve de voz para mães americanas que não sabem como falar sobre os perigos mundanos para suas filhas.

True Blood, Let the Right One In e Grace nos falam sobre exclusão. Enquanto True Blood é uma metáfora brilhante sobre minorias, Let The Right One In e Grace discursam sobre a crueldade de ser diferente em um mundo de crenças homogeneas. Retratar a infância é um convite a reflexão sobre o quanto somos indefesos, e o quanto dependemos dos outros para viver. Sobre Valemont, ainda não se sabe muita coisa. Levando em consideração que falamos sobre MTV em busca de audiência que migrou para YouTube, talvez tenhamos um maniqueísmo clássico.

Seja como for, nessa época de revisões e esperanças, onde marcas e pessoas parecem desejar voltar a valores e configurações conhecidas, falar por meio de metáforas sobre angústias humanas eternas parece ser um bom negócio.

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